quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Édipo e Hamlet em Freud-Complexo de Édipo

Freud, criador da psicanálise, renovou o interesse pelo tema ao designar como "complexo de Édipo" uma fase crucial do processo de desenvolvimento normal da criança: o desejo de envolver-se sexualmente com o genitor do sexo oposto, aliado a um sentimento de rivalidade em relação ao genitor do mesmo sexo.

Me refiro à proximidade que existe em Freud,
entre Édipo e Hamlet, o personagem de Shakespeare. Ao analisarmos as citações freudianas
em torno deste dois personagens, percebemos que Hamlet parece estar mais próximo daquilo
que Freud elabora e chama de “Complexo de Édipo”. É este aparente desencontro entre o
Complexo, o nome e os personagens, na construção metapsicológica que Freud nomeia como
Complexo de Édipo, que pretendemos analisar no presente trabalho.
Assim, se não era apenas um nome que Freud buscava quando recorreu à tragédia de
Édipo Rei para expor os princípios que circundavam o complexo psíquico inconsciente que
desvendava, concluímos que as entrelinhas da tragédia, bem como, as experiências, as
emoções e os sentimentos vividos pelos personagens que Freud evocava constituem-se como
material relevante na análise e na compreensão daquilo que Freud denominou o Complexo de
Édipo.
Curiosamente, ao analisarmos as citações freudianas, percebemos que a obra Hamlet,
de Shakespeare, é constantemente citada quando Édipo é referido. O que estaria Hamlet
fazendo ao lado de Édipo na obra freudiana? Qual a sua importância no esclarecimento
daquilo que Freud nomeou como o Complexo de Édipo? O que estaria Hamlet esclarecendo
que Édipo não pode fazê-lo?
O paralelo entre Édipo e Hamlet não é incomum. Na psicanálise são freqüentes as
discussões abordando um ou outro aspecto das obras e ressaltando aspectos fundamentais do
entrelaçamento edípico vivido por Hamlet, tal como o desenvolve Freud, entretanto, parece não concordar muito com a interpretação de Freud em relação às razões
edípicas que impedem Hamlet de agir. Este autor atribui a inibição de Hamlet ao seu excesso
de consciência e a sua sensibilidade aguçada que o impede de matar Cláudio.

A Teoria Freudiana é bem complexa quanto o assunto complexo de édipo e principalmente quanto se trata disso em uma obra como Hamlet. *__*










A Tragédia de Hamlet,Príncipe da Dinamarca-Uma Parte da obra

Ser ou não ser... Eis a questão. Que é mais nobre para a alma: suportar os dardos e
arremessos do fado sempre adverso, ou armar-se contra um mar de desventuras e dar-lhes fim tentando
resistir-lhes? Morrer... dormir... mais nada... Imaginar que um sono põe remate aos sofrimentos do
coração e aos golpes infinitos que constituem a natural herança da carne, é solução para almejar-se.
Morrer.., dormir... dormir... Talvez sonhar... É aí que bate o ponto. O não sabermos que sonhos poderá
trazer o sono da morte, quando alfim desenrolarmos toda a meada mortal, nos põe suspensos. É essa idéia
que torna verdadeira calamidade a vida assim tão longa! Pois quem suportaria o escárnio e os golpes do
mundo, as injustiças dos mais fortes, os maus-tratos dos tolos, a agonia do amor não retribuído, as leis
amorosas, a implicância dos chefes e o desprezo da inépcia contra o mérito paciente, se estivesse em suas
mãos obter sossego com um punhal? Que fardos levaria nesta vida cansada, a suar, gemendo, se não por
temer algo após a morte - terra desconhecida de cujo âmbito jamais ninguém voltou - que nos inibe a
vontade, fazendo que aceitemos os males conhecidos, sem buscarmos refúgio noutros males ignorados?
De todos faz covardes a consciência. Desta arte o natural frescor de nossa resolução definha sob a
máscara do pensamento, e empresas momentosas se desviam da meta diante dessas reflexões, e até o
nome de ação perdem. Mas, silêncio! Aí vem vindo a bela Ofélia. Em tuas orações, ninfa, recorda-te de
meus pecados.