sábado, 31 de outubro de 2009

Pois meus olhos não cansam de chorar- Luiz Vaz de Camões

Pois meus olhos não cansam de chorar tristezas,
que não cansam de cansar-me;pois não abranda o fogo,
em que abrasar-me pôde quem eu jamais pude abrandar;
não canse o cego
Amor de me guiar
a parte donde não saiba tornar-me;
nem deixe o mundo todo de escutar-me,
enquanto me a voz fraca não deixar.
E se em montes, rios, ou em vales,piedade mora,
ou dentro mora
Amor em feras, aves, plantas, pedras, águas,
ouçam a longa história de meus males
e curem sua dor com minha dor;
que grandes mágoas podem curar mágoas.

Este amor que vos tenho, limpo e puro- Luís Vaz de Camões

Este amor que vos tenho, limpo e puro
De pensamento vil nunca tocado,
Em minha tenra idade começado
Tê-lo dentro nesta alma só procuro.
De haver nele mudança estou seguro,
Sem temer nenhum caso ou duro Fado,
Nem o supremo bem ou baixo estado,
Nem o tempo presente nem futuro.
A bonina e a flor asinha passa;
Tudo por terra o Inverno e Estio deita;
Só pera meu amor é sempre Maio.
Mas ver-vos pera mim,
Senhora, escassa,
E que essa ingratidão tudo me enjeita,
Traz este meu amor sempre em desmaio.

Amor é fogo que arde sem se ver- Luís Vaz de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver,é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Desespero...Castro Alves


"Crime! Pois será crime se a jibóia Morde silvando a planta, que a esmagara?Pois será crime se o jaguar nos dentes Quebra do índio a pérfida taquara?"E nós que somos, pois? Homens? — Loucura! Família, leis e Deus lhes coube em sorte.A família no lar, a lei no mundo...E os anjos do Senhor depois da morte."Três leitos, que sucedem-se macios,Onde rolam na santa ociosidade...O pai o embala... a lei o acaricia...O padre lhe abre a porta à eternidade."Sim! Nós somos reptis... Que importa a espécie?— A lesma é vil, — o cascavel é bravo.E vens falar de crimes ao cativo?Então não sabes o que é ser escravo!..."Ser escravo — é nascer no alcoice escuro Dos seios infamados da vendida...— Filho da perdição no berço impuro Sem leite para a boca ressequida..."É mais tarde, nas sombras do futuro,Não descobrir estrela foragida...É ver — viajante morto de cansaço —A terra — sem amor!... sem Deus — o espaço!"Ser escravo — é, dos homens repelido,Ser também repelido pela fera;Sendo dos dois irmãos pasto querido,Que o tigre come e o homem dilacera...— É do lodo no lodo sacudido Ver que aqui ou além nada o espera,Que em cada leito novo há mancha nova...No berço... após no toro... após na cova!..."Crime! Quem falou, pobre Maria,Desta palavra estúpida?... Descansa! Foram eles talvez?!... É zombaria...Escarnecem de ti, pobre criança!Pois não vês que morremos todo dia,Debaixo do chicote, que não cansa?Enquanto do assassino a fronte calma Não revela um remorso de sua alma?"Não! Tudo isto é mentira! O que é verdade É que os infames tudo me roubaram...Esperança, trabalho, liberdade Entreguei-lhes em vão... não se fartaram.Quiseram mais... Fatal voracidade!Nos dentes meu amor despedaçaram...Maria! Última estrela de minh'alma!O que é feito de ti, virgem sem palma?"Pomba — em teu ninho as serpes te morderam.Folha — rolaste no paul sombrio.Palmeira — as ventanias te romperam.Corça — afogaram-te as caudais do rio.Pobre flor — no teu cálice beberam,Deixando-o depois triste e vazio...— E tu, irmã! e mãe! e amante minha!Queres que eu guarde a faca na bainha!"Ó minha mãe! ó mártir africana,Que morreste de dor no cativeiro!Ai! sem quebrar aquela jura insana,Que jurei no teu leito derradeiro,No sangue desta raça ímpia, tirana Teu filho vai vingar um povo inteiro!...Vamos, Maria! Cumpra-se o destino...Dize! dize-me o nome do assassino!..."

"Virgem das Dores,Vem dar-me alento,Neste momento De agro sofrer!Para ocultar-lhe Busquei a morte...Mas vence a sorte,Deve assim ser.
"Pois que seja! Debalde pedi-te,Ai! debalde a teus pés me rojei...Porém antes escuta esta história...Depois dela... O seu nome direi!"

A um coração...Castro Alves

Ai! Pobre coração! Assim vazioE frio Sem guardar a lembrança de um amor! Nada em teus seio os dias hão deixado!...É fado?Nem relíquias de um sonho encantador?Não frio coração! É que na terra Ninguém te abriu... Nada teu seio encerra!O vácuo apenas queres tu conter! Não te faltam suspiros delirantes,nem lágrimas de afeto verdadeiro...É que nem mesmo — o oceano inteiro —Poderia te encher!...

As trevas...Lord Byron

Tive um sonho que em tudo não foi sonho!...O sol brilhante se apagava: e os astros,Do eterno espaço na penumbra escura,Sem raios, e sem trilhos, vagueavam.A terra fria balouçava cega E tétrica no espaço ermo de lua.A manhã ia, vinha... e regressava...Mas não trazia o dia! Os homens pasmos Esqueciam no horror dessas ruínas Suas paixões: E as almas conglobadas Gelavam-se num grito de egoísmo Que demandava "luz". Junto às fogueiras Abrigavam-se... e os tronos e os palácios,Os palácios dos reis, o albergue e a choça Ardiam por fanais. Tinham nas chamas As cidades morrido. Em torno às brasas Dos seus lares os homens se grupavam, P'ra à vez extrema se fitarem juntos.Feliz de quem vivia junto às lavas Dos vulcões sob a tocha alcantilada!Hórrida esperança acalentava o mundo!As florestas ardiam!... de hora em hora Caindo se apagavam; creditando,Lascado o tronco desabava em cinzas.E tudo... tudo as trevas envolviam.As frontes ao clarão da luz doente Tinham do inferno o aspecto... quando às vezes As faíscas das chamas borrifavam-nas.Uns, de bruços no chão, tapando os olhos Choravam. Sobre as mãos cruzadas — outros —Firmando a barba, desvairados riam. Outros correndo à toa procuravam O ardente pasto p'ra funéreas piras. Inquietos, no esgar do desvario,Os olhos levantavam p'ra o céu torvo,Vasto sudário do universo — espectro —E após em terra se atirando em raivas,Rangendo os dentes, blásfemos, uivavam!Lúgubre grito os pássaros selvagens Soltavam, revoando espavoridos Num voo tonto co'as inúteis asas!As feras 'stavam mansas e medrosas!As víboras rojando s'enroscavam Pelos membros dos homens, sibilantes,Mas sem veneno... a fome Ihes matavam!E a guerra, que um momento s'extinguira,De novo se fartava. Só com sangue Comprava-se o alimento, e após à parte Cada um se sentava taciturno,P'ra fartar-se nas trevas infinitas!Já não havia amor!... O mundo inteiro Era um só pensamento, e o pensamentoEra a morte sem glória e sem detença!O estertor da fome apascentava-se Nas entranhas... Ossada ou carne pútrida Ressupino, insepulto era o cadáver.Mordiam-se entre si os moribundos:Mesmo os cães se atiravam sobre os donos,Todos exceto um só... que defendia O cadáver do seu, contra os ataques Dos pássaros, das feras e dos homens,Até que a fome os extinguisse, ou fossem Os dentes frouxos saciar algures!Ele mesmo alimento não buscava...Mas, gemendo num uivo longo e triste,Morreu lambendo a mão, que inanimada Já não podia lhe pagar o afeto.Faminta a multidão morrera aos poucos. Escaparam dous homens tão-somente De uma grande cidade. E se odiavam...Foi junto dos lições quase apagados De um altar, sobre o qual se amontoaram Sacros objetos p'ra um profano uso,Que encontraram-se os dous... e, as cinzas mornas Reunindo nas mãos frias de espectros, De seus sopros exaustos ao bafejo Uma chama irrisória produziram!...Ao clarão que tremia sobre as cinzas Olharam-se e morreram dando um grito.Mesmo da própria hediondez morreram, Desconhecendo aquele em cuja fronte Traçara a fome o nome de Duende!O mundo fez-se um vácuo. A terra esplêndida, Populosa tornou-se numa massa Sem estações, sem árvores, sem erva.Sem verdura, sem homens e sem vida, Caos de morte, inanimada argila!Calaram-se o Oceano, o rio, os lagos!Nada turbava a solidão profunda!Os navios no mar apodreciam Sem marujos! os mastros desabando Dormiam sobre o abismo, sem que ao menos Uma vaga na queda a levantassem,Tinham morrido as vagas! e jaziam As marés no seu túmulo... antes dela A lua que as guiava era já morta!No estagnado céu murchara o vento;Esvaíram-se as nuvens. E nas trevas Era só trevas o universo inteiro.

sábado, 24 de outubro de 2009

Álvares de Azevedo- Lira dos vinte anos(Alguns poemas)

Saudades

Foi por ti que num sonho de ventura
A flor da mocidade consumi...
E às primaveras disse adeus tão cedo
E na idade do amor envelheci!
Vinte anos!
derramei-os gota a gota
Num abismo de dor e esquecimento...
De fogosas visões nutri meu peito...
Vinte anos!... sem viver um só momento!
Contudo, no passado uma esperança
Tanto amor e ventura prometia...E uma virgem tão doce,
tão divina,Nos sonhos junto a mim adormecia!

Quando eu lia com ela... e no romance
Suspirava melhor ardente nota...
E Jocelyn sonhava com Laurence
Ou Werther se morria por Carlota...
Eu sentia a tremer e a transluzir-lhe
Nos olhos negros a alma inocentinha...
E uma furtiva lágrima rolando
Da face dela umedecer a minha!
E quantas vezes o luar tardio
Não viu nossos amores inocentes?
Não embalou-se da morena virgem
No suspirar, nos cânticos ardentes?
E quantas vezes não dormi sonhando
Eterno amor, eternas as venturas...
E que o céu ia abrir-se... e entre os anjos
Eu ia despertar em noites puras?
Foi esse o amor primeiro! requeimou-me
As artérias febris de juventude,
Acordou-me dos sonhos da existência
Na harmonia primeira do alaúde.

Meu Deus! e quantas eu amei... Contudo
Das noites voluptuosas da existência
Só restam-me saudades dessas horas
Que iluminou tua alma d'inocência.
Foram três noites só... três noites belas
De lua e de verão, no val saudoso...
Que eu pensava existir... sentindo o peito
Sobre teu coração morrer de gozo.
E por três noites padeci três anos,
Na vida cheia de saudade infinda...
Três anos de esperança e de martírio...
Três anos de sofrer — e espero ainda!
A ti se ergueram meus doridos versos,
Reflexos sem calor de um sol intenso,
Votei-os à imagem dos amores
Pra velá-la nos sonhos como incenso.
Eu sonhei tanto amor, tantas venturas,
Tantas noites de febre e d'esperança...
Mas hoje o coração parado e frio,
Do meu peito no túmulo descansa.
Pálida sombra dos amores santos!
Passa quando eu morrer no meu jazigo,
Ajoelha ao luar e entoa um canto...
Que lá na morte eu sonharei contigo.

Pálida Inocência

Por que, pálida inocência,
Os olhos teus em dormência
A medo lanças em mim?
No aperto de minha mão
Que sonho do coração
Tremeu-te os seios assim?
E tuas falas divinas
Em que amor lânguida afinas
Em que lânguido sonhar?
E dormindo sem receio
Por que geme no teu seio
Ansioso suspirar?
Inocência! quem dissera
De tua azul primavera
As tuas brisas de amor!
Oh! quem teus lábios sentira
E que trêmulo te abrira
Dos sonhos a tua flor!
Quem te dera a esperança
De tua alma de criança,
Que perfuma teu dormir!
Quem dos sonhos te acordasse,
Que num beijo t'embalasse
Desmaiada no sentir!
Quem te amasse! e um momento
Respirando o teu alento
Recendesse os lábios seus!
Quem lera, divina e bela,
Teu romance de donzela
Cheio de amor e de Deus!


Á minha mãe

Se a terra é adorada, a mãe não é mais
digna de veneração.
Como as flores de uma árvore silvestre
Se esfolham sobre a leiva que deu vida
A seus ramos sem fruto,
Ó minha doce mãe, sobre teu seio
Deixa que dessa pálida coroa
Das minhas fantasias
Eu desfolhe também, frias, sem cheiro,
Flores da minha vida, murchas flores
Que só orvalha o pranto!


O pastor moribundo

A existência dolorida
Cansa em meu peito: eu bem sei
Que morrerei...Contudo da minha vida
Podia alentar-se a flor
No teu amor! Do coração nos refolhos
Solta um ai! num teu suspiro
Eu respiro...Mas fita ao menos teus olhos
Sobre os meus... eu quero-os ver
Para morrer! Guarda contigo a viola
onde teus olhos cantei...E suspirei!
Só a idéia me consola
Que morro como vivi...Morro por ti!
Se um dia tu'alma pura
Tiver saudades de mim,Meu serafim!
Talvez notas de ternura
Inspirem o doudo amor
Do trovador!

Adeus, meus sonhos

Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade! Misérrimo!
votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto...
E minh'alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus?!... morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já que não levo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!


Despedidas

Se entrares, ó meu anjo, alguma vez
Na solidão onde eu sonhava em ti,
Ah! vota uma saudade aos belos dias
Que a teus joelhos pálido vivi!
Adeus, minh'alma, adeus! eu vou chorando...
Sinto o peito doer na despedida...
Sem ti o mundo é um deserto escuro
E tu és minha vida... Só por teus olhos eu viver podia
E por teu coração amar e crer...
Em teus braços minh'alma unir à tua
E em teu seio morrer!
Mas se o fado me afasta da ventura,
Levo no coração a tua imagem...
De noite mandarei-te os meus suspiros
No murmúrio da aragem!
Quando a noite vier saudosa e pura,
Contempla a estrela do pastor nos céus,
Quando a ela eu volver o olhar em pranto...
Verei os olhos teus!
Mas antes de partir, antes que a vida,
Se afogue numa lágrima de dor,
Consente que em teus lábios num só beijo
Eu suspire de amor! Sonhei muito!
sonhei noites ardentes
Tua boca beijar... eu o primeiro!
A ventura negou-me... mesmo até
O beijo derradeiro! Só contigo eu podia ser ditoso,
Em teus olhos sentir os lábios meus!
Eu morro de ciúme e de saudade...
Adeus, meu anjo, adeus!

Toda aquela mulher tem a pureza

Toda aquela mulher tem a pureza
Que exala o jasmineiro no perfume,
Lampeja seu olhar nos olhos negros
Como, em noite d'escuro, um vagalume...
Que suave moreno o de seu rosto!
A alma parece que seu corpo inflama...
Ilude até que sobre os lábios dela
Na cor vermelha tem errante chama...
E quem dirá, meu Deus! que a lira d'alma
Ali não tem um som — nem de falsete!
E, sob a imagem de aparente fogo,
É frio o coração como um sorvete!


























quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Édipo e Hamlet em Freud-Complexo de Édipo

Freud, criador da psicanálise, renovou o interesse pelo tema ao designar como "complexo de Édipo" uma fase crucial do processo de desenvolvimento normal da criança: o desejo de envolver-se sexualmente com o genitor do sexo oposto, aliado a um sentimento de rivalidade em relação ao genitor do mesmo sexo.

Me refiro à proximidade que existe em Freud,
entre Édipo e Hamlet, o personagem de Shakespeare. Ao analisarmos as citações freudianas
em torno deste dois personagens, percebemos que Hamlet parece estar mais próximo daquilo
que Freud elabora e chama de “Complexo de Édipo”. É este aparente desencontro entre o
Complexo, o nome e os personagens, na construção metapsicológica que Freud nomeia como
Complexo de Édipo, que pretendemos analisar no presente trabalho.
Assim, se não era apenas um nome que Freud buscava quando recorreu à tragédia de
Édipo Rei para expor os princípios que circundavam o complexo psíquico inconsciente que
desvendava, concluímos que as entrelinhas da tragédia, bem como, as experiências, as
emoções e os sentimentos vividos pelos personagens que Freud evocava constituem-se como
material relevante na análise e na compreensão daquilo que Freud denominou o Complexo de
Édipo.
Curiosamente, ao analisarmos as citações freudianas, percebemos que a obra Hamlet,
de Shakespeare, é constantemente citada quando Édipo é referido. O que estaria Hamlet
fazendo ao lado de Édipo na obra freudiana? Qual a sua importância no esclarecimento
daquilo que Freud nomeou como o Complexo de Édipo? O que estaria Hamlet esclarecendo
que Édipo não pode fazê-lo?
O paralelo entre Édipo e Hamlet não é incomum. Na psicanálise são freqüentes as
discussões abordando um ou outro aspecto das obras e ressaltando aspectos fundamentais do
entrelaçamento edípico vivido por Hamlet, tal como o desenvolve Freud, entretanto, parece não concordar muito com a interpretação de Freud em relação às razões
edípicas que impedem Hamlet de agir. Este autor atribui a inibição de Hamlet ao seu excesso
de consciência e a sua sensibilidade aguçada que o impede de matar Cláudio.

A Teoria Freudiana é bem complexa quanto o assunto complexo de édipo e principalmente quanto se trata disso em uma obra como Hamlet. *__*










A Tragédia de Hamlet,Príncipe da Dinamarca-Uma Parte da obra

Ser ou não ser... Eis a questão. Que é mais nobre para a alma: suportar os dardos e
arremessos do fado sempre adverso, ou armar-se contra um mar de desventuras e dar-lhes fim tentando
resistir-lhes? Morrer... dormir... mais nada... Imaginar que um sono põe remate aos sofrimentos do
coração e aos golpes infinitos que constituem a natural herança da carne, é solução para almejar-se.
Morrer.., dormir... dormir... Talvez sonhar... É aí que bate o ponto. O não sabermos que sonhos poderá
trazer o sono da morte, quando alfim desenrolarmos toda a meada mortal, nos põe suspensos. É essa idéia
que torna verdadeira calamidade a vida assim tão longa! Pois quem suportaria o escárnio e os golpes do
mundo, as injustiças dos mais fortes, os maus-tratos dos tolos, a agonia do amor não retribuído, as leis
amorosas, a implicância dos chefes e o desprezo da inépcia contra o mérito paciente, se estivesse em suas
mãos obter sossego com um punhal? Que fardos levaria nesta vida cansada, a suar, gemendo, se não por
temer algo após a morte - terra desconhecida de cujo âmbito jamais ninguém voltou - que nos inibe a
vontade, fazendo que aceitemos os males conhecidos, sem buscarmos refúgio noutros males ignorados?
De todos faz covardes a consciência. Desta arte o natural frescor de nossa resolução definha sob a
máscara do pensamento, e empresas momentosas se desviam da meta diante dessas reflexões, e até o
nome de ação perdem. Mas, silêncio! Aí vem vindo a bela Ofélia. Em tuas orações, ninfa, recorda-te de
meus pecados.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Florbela Espanca- Alguns poemas do Livro de Mágoas...


A UM LIVRO
No silêncio de cinzas do meu Ser
Agita-se uma sombra de cipreste,
Sombra roubada ao livro que ando a ler,
A esse livro de mágoas que me deste.
Estranho livro aquele que escreveste,
Artista da saudade e do sofrer!
Estranho livro aquele em que puseste
Tudo o que eu sinto, sem poder dizer!
Leio-o, e folheio, assim, toda a minh’alma!
O livro que me deste é meu, e salma
As orações que choro e rio e canto! ...
Poeta igual a mim, ai que me dera
Dizer o que tu dizes! ... Quem soubera
Velar a minha Dor desse teu manto! ...

DESEJOS VÃOS
Eu queria ser o Mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!
Eu queria ser o Sol, a luz imensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até a morte!
Mas o Mar também chora de tristeza ...
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos Céus, os braços, como um crente!
E o Sol altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as Pedras ... essas ... pisa-as toda a gente! ...


ANGÚSTIA
Tortura do pensar! Triste lamento!
Quem nos dera calar a tua voz!
Quem nos dera cá dentro, muito a sós,
Estrangular a hidra num momento!
E não se quer pensar! ... e o pensamento
Sempre a morder-nos bem, dentro de nós ...
Querer apagar no céu – ó sonho atroz! –
O brilho duma estrela, com o vento! ...
E não se apaga, não ... nada se apaga!
Vem sempre rastejando como a vaga ...
Vem sempre perguntando: "O que te resta? ..."
Ah! não ser mais que o vago, o infinito!
Ser pedaço de gelo, ser granito,
Ser rugido de tigre na floresta!


NOITE DE SAUDADE
A Noite vem poisando devagar
Sobre a Terra, que inunda de amargura ...
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura ...
Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura ...
E eu oiço a Noite imensa soluçar!
E eu oiço soluçar a Noite escura!
Por que és assim tão escura, assim tão triste?!
É que, talvez, ó Noite, em ti existe
Uma Saudade igual à que eu contenho!
Saudade que eu sei donde me vem ...
Talvez de ti, ó Noite! ... Ou de ninguém! ...
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!!


DIZERES ÍNTIMOS
É tão triste morrer na minha idade!
E vou ver os meus olhos, penitentes
Vestidinhos de roxo, como crentes
Do soturno convento da Saudade!
E logo vou olhar (com que ansiedade! ...)
As minhas mãos esguias, languescentes,
De brancos dedos, uns bebês doentes
Que hão-de morrer em plena mocidade!
E ser-se novo é ter-se o Paraíso,
É ter-se a estrada larga, ao sol, florida,
Aonde tudo é luz e graça e riso!
E os meus vinte e três anos ... (Sou tão nova!)
Dizem baixinho a rir: "Que linda a vida! ..."
Responde a minha Dor: "Que linda a cova!"


A MINHA DOR

À você
A minha Dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural.
Os sinos têm dobres de agonias
Ao gemer, comovidos, o seu mal ...
E todos têm sons de funeral
Ao bater horas, no correr dos dias ...
A minha Dor é um convento. Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!
Nesse triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro,
E ninguém ouve ... ninguém vê ... ninguém ...



A MAIOR TORTURA
A um grande poeta de Portugal!
Na vida, para mim, não há deleite.
Ando a chorar convulsa noite e dia ...
E não tenho uma sombra fugidia
Onde poise a cabeça, onde me deite!
E nem flor de lilás tenho que enfeite
A minha atroz, imensa nostalgia! ...
A minha pobre Mãe tão branca e fria
Deu-me a beber a Mágoa no seu leite!
Poeta, eu sou um cardo desprezado,
A urze que se pisa sob os pés.
Sou, como tu, um riso desgraçado!
Mas a minha tortura inda é maior:
Não ser poeta assim como tu és
Para gritar num verso a minha Dor! ...











O caminho da vida...Último discurso do "Barbeiro" no filme..."O grande Ditador"


O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.A cobiça envenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódios... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

Alguns pensamentos...Charles Chaplin

Nada é permanente nesse mundo cruel. Nem mesmo os nossos problemas.

Não preciso me drogar para ser um gênio; Não preciso ser um gênio para ser humano; Mas preciso do seu sorriso para ser feliz.

O humorismo alivia-nos das vicissitudes da vida, ativando o nosso senso de proporção e revelando-nos que a seriedade exagerada tende ao absurdo.

Amo o público, mas não o admiro. Como indivíduos, sim. Mas, como multidão, não passa de um monstro sem cabeça.

A humanidade não se divide em heróis e tiranos. As suas paixões, boas e más, foram-lhe dadas pela sociedade, não pela natureza.

Se matamos uma pessoa somos assassinos. Se matamos milhões de homens, celebram-nos como heróis.

O amor perfeito é a mais bela das frustrações, pois está acima do que se pode exprimir.







terça-feira, 20 de outubro de 2009

sol dos Insones-Lord Byron

Sol dos insones! Ó astro de melancolia!Arde teu raio em pranto, longe a tremular,E expões a treva que não podes dissipar:Que semelhante és à lembrança da alegria!
Assim raia o passado, a luz de tanto dia,Que brilha sem com raios fracos aquecer;Noturna, uma tristeza vela para ver,Distinta mas distante,clara mas fria!

Tu me Chamas-Lord Byron

Tu Me Chamas Canção, parodiada do português por Lord Byron.Tradução de João Cardoso de Menezes e Souza (Barão de Paranapiacaba).

Em momentos de delícia, Extática, embevecida, Numa voz, toda carícia, Tu me chamas: "Minha vida!" Sentira, à frase tão doce, Exultar-me o coração, Se a nossa existência fosse De perpétua duração. Levam-nos esses momentos Ao fim comum dos mortais. Ou não saiam tais acentos Dos lábios teus nunca mais, Ou, mudando a frase terna, "Minha alma", podes dizer. Pois a alma não morre; eterna Qual meu amor, há de ser.

A uma taça feita de um crânio humano- Lord Byron

Tradução de Castro Alves do poema

Tradução publicada em Espumas Flutuantes.

Não recues! De mim não foi-se o espírito...Em mim verás — pobre caveira fria —Único crânio que, ao invés dos vivos,Só derrama alegria.Vivi! amei! bebi qual tu: Na morte Arrancaram da terra os ossos meus.Não me insultes! empina-me!... que a larvaTem beijos mais sombrios do que os teus.Mais val guardar o sumo da parreiraDo que ao verme do chão ser pasto vil;—Taça — levar dos Deuses a bebida,Que o pasto do reptil.Que este vaso, onde o espírito brilhava,Vá nos outros o espírito acender.Ai! Quando um crânio já não tem mais cérebro... Podeis de vinho o encher!Bebe, enquanto inda é tempo! Uma outra raça,Quando tu e os teus fordes nos fossos,Pode do abraço te livrar da terra,E ébria folgando profanar teus ossos.E por que não? Se no correr da vida Tanto mal, tanta dor ai repousa?É bom fugindo à podridão do lado Servir na morte enfim p'ra alguma coisa!...
O Crepúsculo da Tarde-Lord Byron

Tradução de Francisco Otaviano

Anão e servos, menestrel e bardos,o árabe narrador e as bailarinasdesertaram das salas do banquete.Haydéa e seu amante, a sós, estavam,vendo o sol que em desmaio no ocidentebordava o céu de franjas cor-de-rosa.Ave-Maria! estrela do viandante,tu conduzes ao pouso o peregrinoque anda, longe dos seus, na terra estranha.Salve, estrela do mar; em ti se fitamolhos e coração do marinheiroque no oceano te saúda agora.Salve, rainha excelsa, Ave-Maria!Ei-la que chega a hora do teu culto,à tardinha, em céu meigo, à luz do ocaso!Bendita seja est'hora tão querida,e o tempo, e o clima, e os sítios suspirados,onde eu gozava na manhã da vidao enlevo, - o santo enlevo, - deste instante!Soava ao longe, - bem me lembro ainda, -na velha torre o sino do mosteiro;subia ao céu em notas morredouraso harmonioso cântico da tarde;era tudo silêncio, - e só se ouviaa natureza a suspirar seus hinosde arroubo e fé, - de devoção e pasmo.Hora do coração, do amor, das preces,Salve, Maria. Enlevo a ti minha alma,Como é formoso o oval de teu semblante!Amo teu rosto feiticeiro e belo,amo o doce recato de teus olhos,que se cravam na terra, enquanto adejamsobre tua puríssima cabeçacândidas asas de celeste anúncio!Será isto um painel da fantasia?Um quadro, um canto, uma legenda, um sonho?Não! somente me prostro ante a verdade.Aprazem-se uns obscuros casuístasem criminar-me de ímpio. - Eles que venhamajoelhar-se e suplicar comigo...Veremos qual de nós melhor conheceo caminho do céu. - São meus altaresas montanhas, as vagas do oceano,a terra, o ar, os astros, o universo,tudo o que emana da sublime Essência,de onde exalou-se, e aonde irá minh'alma.Hora doce do trêmulo crepúsculo!quantas vezes errante, junto à praia,na solidão dos bosques de Ravena,que se alastram por onde antigamenteflutuavam as ondas do Adriático,Bosques frondosos, para mim sagradospelos graciosos contos do Boccácio,pelos versos de Dryden; - quantas vezesaí cismei aos arrebóis da tarde!Tudo o que há de mais grato, a ti devemos,ó Héspero: - ao romeiro fatigadodás a hospedagem: - a cansado obreiro,a refeição da tarde; - ao passarinho,a asa da mãe; - ao boi, o aprisco:toda a paz que se goza em torno aos lares,o quente, o meigo aninho dos penates,descem contigo à hora do repouso,tu coas n'alma o doce da saudade;moves o coração, que a vez primeirasai da terra natal, deixa os amigos,e anda à mercê das ondas do oceano:enterneces, enfim, o peregrinoao som da torre, cuja voz sentidacomo que chora o dia moribundo.

Macário (trecho)- Alvares de Azevedo

Satan: Onde vais?
Macário: Sempre tu, maldito!
Satan: Onde vais? Sabes de Penseroso?
Macário: Vou ter com ele.
Satan: Vai, doido, vai! que chegarás tarde! Penseroso morreu.
Macário: Mataram-no!
Satan: Matou-se.
Macário: Bem.
Satan: Vem comigo.
Macário: Vai-te.
Satan: És uma criança. Ainda não saboreaste a vida e já gravitas para a morte.

Macário: Vai-te, maldito!
Satan ( afastando -se): Abrir a alma ao desespero é dá-la a Satan. Tu és meu. Marquei-te na fronte com meu dedo. Não te perco de vista. Assim te guardarei melhor. Ouvirás mais facilmente minha voz partindo de tua carne que entrando pelos teus ouvidos.
(Uma rua) (Macário e Satan de braços dados.)
Satan: Estás ébrio? Cambaleias.
Macário: Onde me levas?
Satan: A uma orgia. Vais ler uma página da vida cheia de sangue e de vinho-que importa?
Macário: É aqui, não? Ouço vociferar a saturnal lá dentro.
Satan: Paremos aqui. Espia nessa janela.
Macário: Eu vejo-os. É uma sala fumacenta. À roda da mesa estão sentados cinco homens ébrios. Os mais revolvem-se no chão. Dormem ali mulheres desgrenhadas, umas lívidas, outras vermelhas Que noite!
Satan: Que vida! não é assim? Pois bem! escuta, Macário. Há homens para quem essa vida é mais suave que a outra. O vinho é como o ópio, é o Letes do esquecimento... A embriaguez é como a morte. . .
Macário: Cala-te. Ouçamos.

FIM

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Algumas frases de Lord Byron



"Na solidão é quando estamos menos só..."

"Desde os tempos da Guerra de Tróia, não houve ninguém mais disputado que eu."

Toda a História humana atesta, que a felicidade para o Homem - o insaciável pecador! - desde que Eva comeu a maçã, depende em grande parte do jantar

Os espinhos que colhi, são da árvore que plantei

Um sonho que não foi de todo um sonho.

Porque deveria eu pelos outros sofrer quando ninguém por mim irá suspirar?

Vivi, amei, bebi, tal como tu; morri.

O melhor profeta do mundo é o passado.

"Aqueles que se recusam a serem chamados à razão, são intolerantes; aqueles que não conseguem, são idiotas; e aqueles que não se atraem, são escravos".

"Orgulho! desce os olhos dos céus sobre ti mesmo, e vê como os nomes mais poderosos vão se refugiar numa canção."









Alma Insone-Ophelia



O que é o amor em um coração insone? O que é o desejo em um corpo marcado? No que resulta uma paixão por uma alma insone? Algumas delas encontram alguém que cicatrize suas feridas Que as façam esvair em bons momentos Tornando tortuosos dias Em pequenos paraísos Vividos cada um a seu tempo Um insone quando desperta ao anoitecer Vaga buscando a esperança Que o retire do esquecimento Que lhe devolva A fantástica ilusão da vida Assim sendo, nunca saberá medir a sensação De reviver a felicidade Em meio as grandes telas turvas Minha alma é insone Por ter errado Por ter abandonado os motivos Por muitas vezes ter rejeitado Aquilo que é um dom para uns. E um carma para outros Porém um dia A nostalgia de um insone morre Pois se depara com a imagem que ofuscará As telas turvas que o cegavam diante do obvio A imagem de um novo começo...

domingo, 18 de outubro de 2009

Manifesto Ophelia


Bem, em primeiro lugar quero dizer caros leitores que é uma satisfação ter a oportunidade de dividir pelo menos um pouco da minha minha existência "nada" ociosa e nem um pouco "desgastante" com vocês.
Mas o que não é nenhuma ironia, é o fato de que assim como um pouco do meu cotidiano, compartilharei com vocês a minha obra,que para mim vale mais do que mil confissões diretas.
Assim como eu, todos poderão ter seu espaço no Paraíso Surreal, simplesmente poderão se expressar da forma que quiserem e como quiserem.
Aqui nenhum homem será chamado de "gay" por poetizar e nenhuma mulher será chamada de "idiota" por crer no amor...
Sempre tive vontade de abrir um espaço para os Ultra-românticos ou deprimidos,afinal,como quiserem se intitular.
Minha poesia não é melhor do que outras poesias, até porque um poeta amador sempre tem aspectos a aperfeiçoar.
Para alguns sei que não vou passar de uma dramática mas tenho certeza de que tudo que vou postar vai fazer algum sentido para alguns,pois de uma certa forma a minha tristeza é a tristeza de muitos...

Boas postagens para vocês...^^
Um abraço...^^

sábado, 17 de outubro de 2009

Flagelo-Ophelia




Em meio o desespero, nos teus olhos encontrei a paz.Desse momento em diante ,a cada minuto que se passava,sentia floretes a me apunhalar e uma dor insuportável devastava o meu peito novamente.Uma dor acompanhada de uma felicidade incomum, pois quando te olhei senti que uma alma havia nesse corpo que apesar dos poucos anos de vida carregava marcas de tempos de flagelo por dividas que não tem preço.Quando estava ao seu lado não tinha dores, como se eu não tivesse pendências.Quem me dera poder te olhar e não te ver...Quem me dera não enxergar sua perfeição...Perfeição essa que me convenceu, que eu seria capaz de mudar por alguém.Senti que estava pronta para uma nova existência ,onde eu me redimiria de todos os meus erros.Anjo...me fizeste enxergar que havia um mundo por trás do mundo estúpido que um dia conheci.Queria poder compartilhar de toda essa perfeição.Feliz é aquela que pra ti tem face de Deusa, pois tem nas mãos a mais rara das jóias.Amado...nunca te desejaria uma existência tão vazia como vêem sendo a minha.Do fundo do meu âmago...não me perdoaria se lhe causasse algum dano.Lord...sei que me enxerga como uma companheira fiel, me perdoe por eu estar dando um fim ao laço que nos une,pois se assim não for a ultima pétala da rosa irá cair e os espinhos não prevalecerão.