quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Minha desgraça- Alvares de Azevedo

Minha desgraça não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco...
E, meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco...
Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro...Eu sei...
O mundo é um lodaçal perdido cujo sol (quem modera) é o dinheiro...
Minha desgraça,
ó cândida donzela,
O que faz que meu peito assim blasfema,
É ter por escrever todo um poema
E não ter um vintém para uma vela